Bruno Lima da Costa Soares, de 34 anos, o passageiro ferido durante o sequestro de um ônibus na rodoviária do Rio de Janeiro na tarde de terça-feira (12), não precisará passar por outra cirurgia no coração. Apesar de seu estado ser crítico, ele está estável com suporte de terapia intensiva. Os médicos do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), hospital de referência para cirurgias cardíacas de alta complexidade, em Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro, concluíram que uma nova intervenção não será necessária, uma dúvida que persistia nas primeiras horas após sua internação.
“A avaliação da equipe médica é que Bruno não precisará de intervenção cardíaca. Desta forma, por orientação da nossa equipe e com autorização da família de Bruno, o paciente já foi transferido para um hospital geral, onde seu tratamento terá prosseguimento”, informa uma nota emitida pelo instituto.
Bruno foi transferido para o INC na terça-feira, após passar por uma cirurgia no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, logo após ser socorrido. Na unidade municipal, ele precisou receber seis bolsas de sangue.
Após a internação, o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro RJ), a empresa que administra a rodoviária e a Viação Sampaio, proprietária do ônibus sequestrado, organizaram uma mobilização para levar trabalhadores ao Hemorio, o hemocentro coordenador do estado, para doarem sangue.
Com a campanha, o volume de doações de sangue na quarta-feira (13) aumentou 189%. Foram 303 doações, quase três vezes mais do que as 105 bolsas de sangue doadas na terça-feira. Esta quantidade é suficiente para salvar 1,2 mil vidas, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.
O sequestro ocorreu quando o ônibus da Viação Sampaio, que partiria para Juiz de Fora, em Minas Gerais, foi tomado por Paulo Sérgio de Lima. Ele tentava fugir do estado após um desentendimento com traficantes da comunidade da Rocinha, uma das maiores do Rio.
Acreditando estar sendo perseguido, ele fez disparos contra passageiros que ainda estavam fora do ônibus e, em seguida, manteve 16 pessoas reféns por cerca de três horas. Lima se entregou após negociação com policiais.
Paulo Sérgio já tinha sido preso por roubo em 2019, crime pelo qual foi condenado. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap), ele obteve progressão de regime para o aberto, com monitoramento eletrônico, em 22 de fevereiro de 2022. No entanto, ele deixou a tornozeleira descarregar em 6 de outubro de 2022, sem reativar o dispositivo. A Seap já havia comunicado à Justiça outras quatro violações cometidas por ele.
Apesar de várias notificações da Seap ao Tribunal de Justiça sobre a violação do monitoramento eletrônico, somente na noite de terça-feira, após o sequestro, o juiz Cariel Bezerra Patriota ordenou o retorno de Paulo Sérgio de Lima ao regime semiaberto. Segundo o juiz, na terça-feira foi “a primeira oportunidade que tenho de decidir no processo”.
O Tribunal de Justiça informou que foi iniciada uma sindicância administrativa para “apurar especificamente as circunstâncias processuais e cartorárias relacionadas aos fatos noticiados, assim como as correspondentes responsabilidades”.