Os recentes elogios de Valdemar Costa Neto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva evidenciaram uma divisão interna no Partido Liberal (PL), legenda liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que conquistou as maiores bancadas na Câmara e no Senado nas eleições de 2022.
Em dezembro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, declarou que Lula desfruta de “prestígio e popularidade”. No entanto, a repercussão dessas declarações revelou uma tensão dentro do partido. Jair Bolsonaro, sem mencionar diretamente Valdemar, alertou seus apoiadores sobre um “problema sério” que, se persistir, poderá levar à implosão do partido. Conforme informações apuradas pelo blog da Julia Duailibi, Bolsonaro enviou um áudio a Valdemar expressando críticas às suas declarações.
A comentarista da GloboNews e colunista do jornal O Globo e da rádio CBN, Flávia Oliveira, destacou as diferenças de perfil entre Bolsonaro e Valdemar. Enquanto Bolsonaro é caracterizado como um “outsider autoritário” com pouco apreço pela lealdade partidária, Valdemar é descrito como um político mais conciliador, propenso a fazer gestos de aproximação e representante do perfil do PL.
Flávia Oliveira argumenta que Valdemar reconhece a importância do apoio do “governo de plantão” para alcançar sua ambição de “eleger mil prefeitos” nas eleições municipais iminentes. Ela enfatiza que os elogios de Valdemar a Lula são uma estratégia para preservar a unidade partidária, baseada em uma relação passada e na atual posição de Lula como presidente da República.
A analista destaca a complexidade da posição de Valdemar, que busca manter o apoio bolsonarista no PL, ao mesmo tempo em que almeja uma diversificação de influências políticas no partido. Essa dualidade é crucial, pois Valdemar busca equilibrar diferentes correntes dentro do PL, garantindo sua relevância política sem alienar nenhum grupo significativo.