A Polícia Federal convocou Jair Bolsonaro para prestar depoimento na próxima quinta-feira, no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. A defesa do ex-presidente informou à PF que ele optará por permanecer em silêncio durante o interrogatório, conforme afirmou o advogado Daniel Tesser, um dos representantes legais do ex-mandatário, à Reuters.
Inicialmente, o defensor havia mencionado que a equipe de advogados estava considerando a possibilidade de solicitar mais tempo para o ex-presidente se manifestar. No entanto, posteriormente, foi comunicado que Bolsonaro escolheu o silêncio.
Na petição apresentada à PF, os advogados argumentam que não tiveram acesso completo ao material de investigação até o momento, mesmo após dez meses da primeira busca e apreensão do inquérito em andamento. Eles destacam a importância desse acesso para garantir o exercício do direito de defesa e de resposta pública de maneira adequada e efetiva.
“Em virtude da falta de acesso a todos os elementos de prova, o peticionário opta, temporariamente, pelo uso do silêncio, sem abrir mão de prestar as devidas declarações assim que estiver ciente integralmente dos elementos”, acrescentam os defensores.
Segundo uma fonte da PF, que preferiu não ser identificada, o depoimento está agendado para as 14h30 de quinta-feira. Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal no início do mês, que resultou na apreensão de seu passaporte e na proibição de comunicação com outros investigados.
Além de Bolsonaro, outros alvos da operação, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, os ministros da Defesa Walter Braga Netto e Paulo Nogueira Batista, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, foram intimados a depor presencialmente na sede da PF em Brasília, conforme a fonte.
Durante as investigações, a PF encontrou um vídeo de uma reunião ministerial de julho de 2022, repleta de discussões sobre planos, ideias e ordens relacionadas à eleição presidencial daquele ano e à preocupação em manter Bolsonaro no poder. O depoimento está marcado poucos dias antes de um ato convocado por Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, mesmo estando inelegível. Bolsonaro tem negado irregularidades e criticado as investigações contra ele.
O que se observa é que o ex-presidente Bolsonaro está adotando uma postura cautelosa, ao contrário de sua imagem tradicional de líder inabalável. Suas manifestações anteriores, repletas de arroubos, gritos e xingamentos, parecem tê-lo levado à situação em que se encontra atualmente. Com a chegada de Paulo Bonet, a fila começou a andar de maneira ágil, e a caneta “big” de Bolsonaro parece ter ficado sem tinta.
O desfecho do dia 25 próximo pode nos surpreender, especialmente porque seu mentor espiritual, Silas Malafaia, está financiando o ato e pode também ser indiciado por incitação ao crime. A fila está em movimento.