Nos últimos cinco anos, a presença em eventos culturais na região do Sul de Minas tornou-se mais evidente entre os indivíduos mais afluentes, revela uma pesquisa conduzida pela Unifal (Universidade Federal de Alfenas) no âmbito do projeto de extensão “A Imaginação Sociológica e o Sul de Minas” do curso de Ciências Sociais.
A pesquisa destacou uma disparidade significativa no acesso a espaços culturais, indicando que habitantes de baixa renda participaram menos de atividades como teatros, exposições de arte e shows. A análise dos dados revelou uma frequência cultural geralmente baixa na região, destacando a influência determinante da renda nesse acesso cultural desigual.
Em Alfenas e municípios vizinhos, como Varginha e Poços de Caldas, a desigualdade persiste, conforme indicado pela pesquisa. Indivíduos de menor renda são os menos presentes nos espaços culturais. Por exemplo, apenas 21% dos habitantes de Alfenas com renda inferior a 2 salários-mínimos frequentaram shows e concertos nos últimos cinco anos, em comparação com mais de 60% daqueles com renda acima de 10 salários-mínimos.
As exposições de arte também refletem disparidades semelhantes, com apenas cerca de 5% dos alfenenses de menor renda visitando exposições nos últimos cinco anos, em comparação com quase 17% dos indivíduos de renda mais alta. No entanto, é importante observar que a visita a exposições nos últimos cinco anos permaneceu baixa em todas as faixas de renda.
A pesquisa sugere que a pandemia da Covid-19 pode ter contribuído para essas desigualdades, inibindo a participação de grupos de baixa renda em eventos culturais devido às restrições e ao risco de contaminação.
Além disso, a matéria provoca uma reflexão sobre a definição de atividade cultural, questionando se as atividades realizadas fora dos espaços tradicionalmente considerados culturais também não são valiosas. A pesquisa concentrou-se em práticas como shows, concertos, exposições artísticas, monumentos históricos, espetáculos, parques e praças, mas levanta a questão de se isso é suficiente para definir a riqueza cultural do Sul de Minas.
Os dados analisados fazem parte da Pesquisa Identidade Sul-mineira, realizada pela Unifal, que entrevistou 1.320 moradores em 20 municípios do Sul de Minas entre maio e junho de 2022. A matéria foi elaborada por Bruno José Samonetto e João Pedro da Silva, estudantes do curso de Ciências Sociais – Bacharelado, sob a supervisão dos professores Marcelo Conceição e Luís Groppo, no âmbito do projeto de extensão “A Imaginação Sociológica e o Sul de Minas” em parceria com o Alfenas Hoje. Para mais detalhes sobre a pesquisa, acesse o site da Unifal [aqui].