O Ministério da Saúde anuncia a inclusão da vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), tornando o Brasil o primeiro país a disponibilizar esse imunizante de forma universal. Denominada Qdenga e produzida pelo laboratório Takeda, a vacina, apesar da limitação de doses inicialmente fornecidas, marca um avanço significativo no enfrentamento da doença.
A decisão de incorporação foi agilizada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec) e recebeu recomendação favorável após análise minuciosa. A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatiza que a vacinação inicial será focada em públicos e regiões prioritárias, considerando a capacidade restrita de fornecimento de doses pela Takeda.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) colaborará com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) para estabelecer estratégias de aplicação, levando em conta o quantitativo disponível, públicos-alvo prioritários e áreas com maior incidência da doença. A definição dessas estratégias está prevista para as primeiras semanas de janeiro.
A vacina Qdenga, aprovada na União Europeia, Indonésia e Tailândia, é destinada à prevenção da dengue em pessoas de 4 a 60 anos, independente de exposição prévia ao vírus. O cronograma de entrega proposto pela Takeda estima o fornecimento de 5.082 milhões de doses em 2024, com um esquema vacinal composto por duas doses.
O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Gadelha, destaca que a incorporação representa um compromisso com a vida, com uma redução significativa de 80% no preço inicialmente apresentado. Esse progresso, somado ao estímulo à capacidade produtiva nacional, visa contribuir para a saúde da população.
A rapidez na incorporação, evidenciada pela consulta pública de 10 dias, reflete a urgência diante do cenário epidemiológico da dengue. A Conitec também recomendou que futuros estudos da Takeda considerem a realidade brasileira. O investimento de R$ 256 milhões no fortalecimento da vigilância das arboviroses e a inauguração da Sala Nacional de Arboviroses reforçam o compromisso do Ministério da Saúde em enfrentar possíveis aumentos de casos dessas doenças nos próximos meses.
Apesar do avanço significativo com a inclusão da vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), um contraste se destaca: clínicas particulares já oferecem a antecipação dessa proteção ao custo de R$450. Essa realidade levanta questionamentos sobre a acessibilidade à imunização, pois, enquanto o SUS busca universalizar o acesso, o setor privado apresenta alternativas para quem pode arcar com os custos.
O desafio agora é equilibrar a oferta da vacina, garantindo que a população mais vulnerável tenha acesso prioritário, ao mesmo tempo em que aqueles que optam pela antecipação em clínicas particulares podem fazê-lo. O Ministério da Saúde, em conjunto com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), terá a tarefa de definir estratégias que assegurem uma distribuição equitativa e eficiente das doses disponíveis, respeitando as diretrizes de saúde pública.
Essa dualidade na disponibilidade da vacina reflete a complexidade do sistema de saúde brasileiro, destacando a necessidade contínua de esforços para assegurar a equidade no acesso a medidas preventivas essenciais para a saúde da população.”